Última canção da cantina
No amor que se perdeu há silêncio de todos os formatos.
Até um tipo mesquinho de quietude devastadora
Dessas que anda pelos comodos da casa,
Toca nos objetos do passado e murmura: Você amou e perdeu.
Passado onipresente, sempre recente.
- São objetos. Instantes que viram objetos.
Objetos do passado: Instantes que viram objetos.
Passado onipresente, sempre recente.
Sólido este silêncio de rosto quebra tudo
Na sempre fria enseada da desesperança,
Busca apenas um simples sorriso,
Sobre o que foi amado e findo.
Tardes inteiras, noites inteiras, manhãs inteiras...
Você perdeu do amor sobre o tanto que ficou.
Amor em que o próprio silêncio cheira confuso,
De mofo ao desadorado tédio entre rabiscos.
Apenas acaba de perder completamente o efeito:
- ... Que o silêncio também adormece de dor em dor.
Acaba por ouvir o canto de suavidade infinda,
Pois o silêncio é o sonho composto das almas mais leves,
Tão leve quanto a última canção de uma cantina...