DEBRUCEI-ME

Debrucei-me por teu suor

Como quem navega

Um mar tocando o fundo

Sentindo o sal

Sem faltar respiração

Debrucei-me por teu amor

Como quem se entrega a própria morte

A deriva na própria a sorte

De fitar-te diante de mim

Um ser menor que a vida que tem

Que os anos levam

Que o tempo apaga

Que a terra corrói

Eu, porém tive tempo de deleitar-me

Sobre ti

E tudo era o fim em si

A razão não mais possuí

Deixei-me carregar pelas asas

De meu mais belo sonhar

Minha tão bela flor

Debrucei-me

E deitei-me

E saciei-me

E rompi!

Rompi em ti o desgosto de chegar ao fim...

O amor permanece em mim

Mesmo que tu não estejas

Como uma nuvem

Que olho e brinco as formas

Como um céu a me salvar

Contento-me com as tuas lembranças

Debrucei-me sobre tua superfície

Superfície vasta

Na realidade vaga

Despertei enfim de mais um sonho

Lentamente, vagarosamente.

Maria Mariane
Enviado por Maria Mariane em 23/12/2018
Código do texto: T6533532
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