Saindo do “quem sou eu?” e indo para o “quem és tu”?

Não, eu não estou apaixonada por ti

Eu estou apaixonada apenas por uma parte de ti

Aquela parte de ti que interage comigo

Aquela parte de ti que mostras para mim

O resto de ti eu não conheço

Jamais conhecerei

Mesmo que eu tivesse o anel de Gyges, eu não poderia conhecer-te

És muito mais do que os meus cincos ou seis sentidos podem captar de ti

És muito mais do que as tuas ações manifestas aqui na Terra

Cada homem e cada mulher possui um misterioso universo interior, acessível somente em partes pelos outros

Jamais plena e completamente acessível

Pois só cada um pode conhecer a si mesmo totalmente

Só tu tens o privilégio de te conheceres plenamente

Não sei quem és tu, jamais saberei

Serás um eterno mistério para mim

Mas insisto em perguntar

Por fim, quem és tu?

És uma incógnita, como cada ser humano

Mas, paradoxalmente,

Também és apenas a impressão que geras nos meus sentidos e mais nada

És uma farsa, uma mentira

Não és objetivo

E eu estou apaixonada por algo subjetivo

Mesmo não idealizando, mesmo me abstendo da imaginação e da memória

Ainda sim és subjetivo

E “és” perfeito

A perfeição acontece quando a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato entram em contato com estímulos sensoriais prazerosos

Tu és o meu estímulo sensorial prazeroso

Não passas disso e ao mesmo tempo ultrapassas a tudo isso

(2017)

A Incógnita
Enviado por A Incógnita em 15/12/2018
Reeditado em 15/12/2018
Código do texto: T6527372
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