Eroscídio
Quando parece não haver mistérios de nós,
É quando mais há mistérios a desvelar,
São clandestinos e insuspeitos,
E nos penetram, viróticos, o peito.
Quando a Sorte, boa ou má, se estabelece,
É quando menos cremos no amor,
E traímos a Ventura, o Destino,
Em rocha frouxa, desatino.
Como se o raso caminho percorrido
Levasse-nos sempre ao abismo,
Do desencontro, um desencanto incolor.
Quem nos leva, senão nós mesmos,
Tristes andantes, infantes,
Ao Eroscídio, e depois chora a dor?