DE AMOR QUE SE MORRE
Atire a primeira pedra quem ainda
não se atirou pelo vão da janela
teve vontade à beira do precipício
na mesa afogou a saudade num porre
esqueceu as horas sentado no batente
desenhou rostos em folhas de ofício
asas de Ícaro num voo da torre
trocou nomes pelo guardado no subconsciente
ensaiou beijos e abraços diante do espelho
repetiu a frase antes do encontro
pediu perdão sem ter cometido erros ´
abobado e chamado à atenção no trabalho
trocou a cor amarelo pelo vermelho
viu a condução passar vagando em pensamentos
esqueceu o compromisso perdido no tempo
refez caminhos passando por atalhos
embaixo do cobertor chorou sozinho
conheceu o mundo em viagens imaginárias
pra sentir o toque se fez de alguém
e um dia jurou nunca mais amar ninguém.
Só quem nunca teve a sorte de um grande amor
não sabe que é dele que a gente se alimenta
e por entrega, é por ele que se morre.