negação do presente

acredito todos termos um Miniver Cheevy dentro de nós
e o meu chora com o começo dos anos 90
e toda a romantização pelo simples.
camisas de flanela, uma suíte de motel de beira da estrada
barata, onde o amor se envolve entorpecido com o suor e os
lençóis no chão e as roupas traçando um caminho até a cama.
parar em algum lugar sem a preocupação
da tecnologia,
quando as notícias mundiais se espalhavam
apenas
pelos jornais impressos e televisivos.
quando pouco dinheiro era capaz de
comprar a felicidade,
e a depressão não atingia o cu da economia
e as guerras eram espirituais em nossas vidas.

imaginar-se em uma década não vivida
é algo romântico demais, como as lágrimas
dos artistas
que passaram fome pela arte
ou a Paris que Hemingway escreveu.

pode ser pedantismo também, eu sei
disso.
ou talvez seja tanta informação a ser adquirida
que estamos mais preocupados em esperar o grande
do que acabar vivenciando.

mas prefiro culpar a insatisfação
com o tempo atual.

assim minha voz soa menos arrogante.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 07/12/2018
Reeditado em 07/12/2018
Código do texto: T6521208
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