Sou uma voz que grita no deserto
E de mim, o amor vai se despedindo
E a dor, aos poucos, me consumindo
A noite chega em silêncio
Para avisar que estou sozinho
E na lembrança, o seu último suspiro
O seu olhar de adeus foi se fechando
O seu sorriso se abriu por um instante
E a dor, pude a sentir mais forte
Fiquei sem chão. Essa dor abriu crateras em mim
E as lágrimas sinalizaram que era o nosso fim
Banharam nossos rostos e fomos nos distanciando
E o meu peito se encheu de saudade por um segundo
O amor partiu para sempre, mas a saudade ficou
Por um momento, vi que o meu mundo desabou
O céu tirou de mim o bem mais precioso
E a mais linda flor do meu jardim, murchou
O que mais quer de mim, Senhor?
Não basta me ver padecer, quer me torturar?
Não basta me deixar só, sem amor
Quer me ver agonizar?
O que eu fiz para merecer tamanho sofrer?
Recorro-me aos poetas que perderam seu amor?
Recorro-me aos amantes e boêmios que amaram sem temor?
Recorro-me a noite que testemunhou toda minha dor?
Recorro-me aos deuses do amor que choram comigo?
A quem mais devo recorrer?
As forças do universo que lamentam a minha solidão
Aos anjos que cantam para alegrar-me
As lembranças que me mantém, sem compaixão
Com quem devo dividir toda minha melancolia?
Sou uma voz que grita no deserto
Um grão de areia nesse infinito
Sou a dor que não vive sem o amor
Sou o amor que perece lentamente com a sua dor
Quem mais poderá ouvir o meu clamor?