A CARTA

A CARTA

Ontem recebi uma carta inesperada

Deixei para ler à noite

Antes de abrir degustei uma taça de vinho

Apaguei as luzes e acendi uma vela

Capaz de ler o que dizia a carta

À primeira palavra pronunciei Amor

Aí parei e me perguntei

Quem é essa mulher?

Acreditando que só mulher

Escreve carta de amor

Então comecei a viajar à procura

De quem começaria uma carta dizendo Amor

Deparei com vários encontros

E visitei muitos rostos

Olhos brilhantes e sorrisos largos

Beijando muitas bocas

Delas nunca tinha ouvido falar

Meu amor ou um simples Amor

Então optei por continuar lendo

Depois de já estar na décima linha

A palavra continuava se repetindo

Amor!

Inesperadamente uma nova palavra

No início da décima primeira linha

Não mudava o verbo da palavra

De quem dizia Amor, afirmava Amar

Meus olhos continuaram lendo com inocência

Amar, Amar, Amar, Amar

Essa alma de mulher agora invade

Meus sentidos

Foquei a chama da vela em busca da minha luz

Me deixando solta a imaginação

Olhando o papel e a chama

Sem perceber fui cada vez mais

Aproximando a carta da chama da vela

O calor da chama me fez perceber

Que já não tinha uma carta

Restavam só as cinzas do papel

Ainda hoje depois de muitos anos

Penso no que estaria escrito no fim

Daquela carta.

Castro Rosas

Castro Rosas
Enviado por Castro Rosas em 05/12/2018
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