A CARTA
A CARTA
Ontem recebi uma carta inesperada
Deixei para ler à noite
Antes de abrir degustei uma taça de vinho
Apaguei as luzes e acendi uma vela
Capaz de ler o que dizia a carta
À primeira palavra pronunciei Amor
Aí parei e me perguntei
Quem é essa mulher?
Acreditando que só mulher
Escreve carta de amor
Então comecei a viajar à procura
De quem começaria uma carta dizendo Amor
Deparei com vários encontros
E visitei muitos rostos
Olhos brilhantes e sorrisos largos
Beijando muitas bocas
Delas nunca tinha ouvido falar
Meu amor ou um simples Amor
Então optei por continuar lendo
Depois de já estar na décima linha
A palavra continuava se repetindo
Amor!
Inesperadamente uma nova palavra
No início da décima primeira linha
Não mudava o verbo da palavra
De quem dizia Amor, afirmava Amar
Meus olhos continuaram lendo com inocência
Amar, Amar, Amar, Amar
Essa alma de mulher agora invade
Meus sentidos
Foquei a chama da vela em busca da minha luz
Me deixando solta a imaginação
Olhando o papel e a chama
Sem perceber fui cada vez mais
Aproximando a carta da chama da vela
O calor da chama me fez perceber
Que já não tinha uma carta
Restavam só as cinzas do papel
Ainda hoje depois de muitos anos
Penso no que estaria escrito no fim
Daquela carta.
Castro Rosas