À beleza
Eu queria ter comigo toda tua beleza ao alcance
Dos olhos, tocar, abraçar e beijá-la,
Não queria ser dono dela, queria a certeza
Da liberdade e poder contar com ela nas
Horas tristes da minha profunda solidão,
Receber teu carinho e que todas me afagassem
O rosto, ao meu gosto, com as palmas das mãos.
Da beleza encarnada queria o bálsamo
Perfeito, da amarela o jasmim, da lilás
O corpo colado ao meu, da verde a esperança
Em transparente total,
Mas nenhuma delas precisaria permanecer
Eternamente comigo e para não parecer
Ambíguo, eu as queria vinte e quatro horas por dia,
Renovando-se sempre na hora de amar.
Como deste modo não pode ser, acabo achando
A vida à coisa mais besta do mundo, mas belíssima,
Por esse querer que dilacera o coração, eleva o espírito,
E deixa sangrar no peito essa doce e tenra paixão,
Levando o infinito dos meus sonhos a revelar-te
Agora o amor que neste momento proponho.