JÁ NÃO PODEMOS NEGAR

Olhando para a tarde como quem procura um beijo
Ouço teus passos dobrando a esquina mais próxima
Teus dedos abrindo a porta do meu coração
Se você entrar vai ter festa dentro de mim
 
Riscando um traço no branco do ócio
Uma rota para fugirmos da realidade
E se enveredar pelas searas do prazer infinito
Sem deixar migalhas de pão para não acharmos a volta
 
Vamos brindar mais uma chance da gente morrer
Tão inebriados pela sedução borbulhante nos lábios
O bailar dos ponteiros no velho relógio já não importa
Eu quero a magia da bailarina na caixinha de música
 
O lençol se transforma em tapete voador
Sobre os castelos minúsculos diante dos nossos olhos
Vamos brincar de pique-esconde entre as estrelas
E amar com a consciência de duas crianças
 
Já não podemos negar que somos poesia
Que empurra a tarde para o outro canto do mundo
A cortina da noite é o que ilumina os nossos corpos
Nessa deliciosa profusão de castidade e luxúria
 
(Cláudio Antonio Mendes)
 
 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 02/12/2018
Reeditado em 02/12/2018
Código do texto: T6517505
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