As mãos
Essas que te caçam e migram
Com ternura pela tua pele-seda nua.
Essas garças que se doam de graça
E fazem com que tuas águas fluam.
Essas peregrinas mãos acorrentam-te
Pelo desejo. Brancas e suaves tateiam
Teus pelos e só se acalmam com beijos.
Essas que te querem a todo instante
Que te acham infante e se atrelam as tuas.
Essas mãos-asas te libertam, abrem-se
Numa plumagem para que partas, e voltes
Somente se for vontade tua!
Essas mãos que te levam aos céus
Te arrancam gemidos e um choro bendito,
Elevam-se unidas numa prece por ti!
Essas mãos - a tua e a minha,
Sombrarão unidas as veredas
Da vida em voo livre pelo infinito.