CHÃO DOS SERTÕES
No chão seco dos sofridos sertões
O povo luta num lutar de esperança
Em seus lares à noite as orações
Piedosos pedem clemência e bonança.
Lá nos ares algumas nuvens se unem
E nos pátios as conversas sem iguais
Os sábios adivinhões se reúnem
E suas previsões atuam desiguais.
A esperança sustenta aquela gente
Gente sofrida de fé inabalável
Onde o sofrer convive permanente
Naquele chão deleitável e afável.
Nas várzeas o mato seco os rebanhos
Comendo aquele raro nutrimento
Em um poço guris revezam banhos
Sendo pra eles o maior divertimento.
Canecos de água puxados por eles
Daquele poço que abastece a região
Enchem tanques e os bichos bebem neles
Matando a sede que assola o sertão.
A noite nos terreiros as conversas
Repetem-se sobre a luz da lua cheia
As falas de maneiras bem diversas
Na luz da noite do luar que encadeia.
O encandear é deslumbrante e vistoso
Sobretudo quando volta a lua cheia
Pois com ela vem um chover ditoso
Aonde todos agradecem na areia .