DESCULPA, MEU AMOR, POR "CANSAR TUA BELEZA"
Desculpa, amor, por "cansar tua beleza",
por folhear todos os livros,
por virar a tua mesa.
Perdoa meu amor,
por deitar na tua cama
e roubar teu travesseiro,
por tecer todas as tramas
e marcar-te por inteiro.
Me perdi
neste realismo de fachada
e olhei pela janela quando querias meu beijo,
madrugada...
Tranquei-te neste quarto escuro
de reflexões insanas,
bebi teu sangue de canudinho,
triste trama.
Perdi-me nestas trilhas traiçoeiras
de pura retórica,
deixei teu calor fugir,
categórica.
Estou com tanto frio,
estou com tanto medo,
e sei que fui venal
concedo.
Não me abandones, te peço, insisto!
Eu não queria percorrer essa linha frágil,
fazer esse jogo antigo,
mesmo sem querer jogar,
cantar a canção dos malditos.
Perdoa-me pelo sim, pelo não,
pelo não dito.
Pela palavra ácida,
pelo argumento duro,
pelo verso negado,
engasgado, obscuro.
E deixa a porta aberta
estou voltando,
ou estou indo
um só caminho
estou voltando,
ou estou indo
um só compasso
neste passo.
Estou voltando
ou estou indo
pro teu laço...