DESCULPA, MEU AMOR, POR "CANSAR TUA BELEZA"

Desculpa, amor, por "cansar tua beleza",

por folhear todos os livros,

por virar a tua mesa.

Perdoa meu amor,

por deitar na tua cama

e roubar teu travesseiro,

por tecer todas as tramas

e marcar-te por inteiro.

Me perdi

neste realismo de fachada

e olhei pela janela quando querias meu beijo,

madrugada...

Tranquei-te neste quarto escuro

de reflexões insanas,

bebi teu sangue de canudinho,

triste trama.

Perdi-me nestas trilhas traiçoeiras

de pura retórica,

deixei teu calor fugir,

categórica.

Estou com tanto frio,

estou com tanto medo,

e sei que fui venal

concedo.

Não me abandones, te peço, insisto!

Eu não queria percorrer essa linha frágil,

fazer esse jogo antigo,

mesmo sem querer jogar,

cantar a canção dos malditos.

Perdoa-me pelo sim, pelo não,

pelo não dito.

Pela palavra ácida,

pelo argumento duro,

pelo verso negado,

engasgado, obscuro.

E deixa a porta aberta

estou voltando,

ou estou indo

um só caminho

estou voltando,

ou estou indo

um só compasso

neste passo.

Estou voltando

ou estou indo

pro teu laço...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 13/09/2007
Reeditado em 06/04/2008
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