Por um fio

Quase. Faltou pouco para que tu pudesse a mim ter

Só um tanto do tanto que de ti eu poderia ser

Chegamos a nos encontrar por um acaso desejado

Atraídos pela carência, o universo nos deu recado.

Pra que existimos, os dois, senão para vivermos em um?

Qual a lição de partilhar um amor se não houve amor algum?

O seu, o meu, sentidos em corpos isolados.

A troca não houve por medo dos dois lados.

Medo do quase amor. Só por tentar concretizá-lo já nos causa pavor.

A mediocridade do quase conforta a quem medo tem.

Antes manter-se pobre de alma do que arriscar o único vintém.

Vintém de amor custa mais caro, cobrado por juros e encargo.

Se for para ao seu lado estar, sem amor, prefiro a distância.

Sentir é verbo ativo conjugado no substantivo esperança.

Quem de nós, por sua conta e risco, estaria disposto a pagar?

Só nos resta a lembrança do receio de se entregar.

Adormeceremos, então, na desistência ou na distância temporal

E que a memória marcada pelo quase-amor não nos faça mal

Por não termos experienciado o que era pra ser dor ou alegria

Já que a vida é feita de aprendizados, optamos pela covardia.

Maísa C. Lobo 13:47h, 20/11/2018.

Maisalobo
Enviado por Maisalobo em 20/11/2018
Reeditado em 20/11/2018
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