"O boto de Cananéia"
Sob a luz da lua,
Em noite de maré cheia;
Ele anda pela rua,
Sapatos sujos de areia...
Branco terno de linho,
Chapéu da mesma cor;
Misterioso sujeitinho,
Que causa tanto rancor...
Ira de muitos maridos,
Raiva dos pais rigorosos;
E os que não foram traídos,
Ficam muito receosos...
Pois se tem festa na ilha,
Ele vem, feito raposa;
Conquistar mais uma filha;
Seduzir mais uma esposa!
Quando o fandango ele dança,
Hipnotiza a pobre dama;
E com sua fala mansa,
Faz do mar sua cama...
Agindo discretamente,
Sem testemunha, nem platéia;
Depois some, de repente...
O boto de Cananéia!
* O Eldoradense