CIÚMES DAS AVES

Não gosto dessas aves enxeridas

Que posam de mostradas, exibidas,

Em frente à janela, à tua vista.

Prefiro as simples, as mais modestas,

As que nos campos é que fazem festas

Que não bancam jamais o tipo “artista”.

Sinto ciúmes do sabiá, do curió...

Até do beija-flor, que não têm dó

de mim, só, sem nada, nesse abandono.

Ah! que chatos são esses passarinhos!

Melhor fossem cuidar lá de seus ninhos,

Pois a moça da janela já tem dono.

O mundo é tão grande, as árvores são tantas,

São tantos os galhos... e, também, quantas

Frutas pendem de fruteiras, pelas matas!

Mas não, esses alados tudo deixam ao léu,

E se põem a saltitar debaixo desse céu,

Desse pedaço de céu onde te achas.

São todas exibidas, todas elas,

E cuidam de cantar para as donzelas,

Que imaginam carentes de atenção.

Quem sabe até desprezam seus filhotes

E ficam se amostrando, de fricotes,

Como paqueradores sem noção.

Mas, tudo bem, as aves são mais belas,

São livres pra escolherem as janelas

E a moça pra quem querem se mostrar.

Se asas eu tivesse e voar soubesse,

Seria em mim que porias teu olhar.

Seria a mim que ias paquerar.

saulo de liss
Enviado por saulo de liss em 09/11/2018
Código do texto: T6498712
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