IMAGENS
Sempre está presente em mim, eu preciso do seu calor
Para me cobrir daquelas formas ilustradas com você me amava
Ao me colocar em você bem guardado e protegido, talvez,
Não ter você hoje rasga imensamente cada momento do meu dia,
Sendo enfraquecido, consumido por um selvagem anseio nupcial que
Consome e cujo único antídoto para aliviar toda essa falta nos momentos mais desesperados é ver você, aparecendo para me fazer levitar,
Entre você surreal e as milhares e muitas lembranças de nossas reuniões impetuosas regadas ao sabor de seus insolentes desempenhos.
Minha imaginação fecunda contribui decisivamente
para trazer você, embora distantes por quilômetros, plena
Ao meu mundo pecaminoso acabando-se, que seja momentaneamente, a solidão que fere cruelmente minha alegria e exalta, ao invés de reduzir, minhas emoções.
Pode que seja porque nas horas de desespero eu voo e
você aparece, em imagens tal como por mim desenhadas:
solta, livre, pronta para minhas apetências mais primitivas,
sem reparos nem limites, entregue, disposta, aberta, para refugiar-me em você entre olhares fogosos e fúria viril.
Nessa hora me recrio, ressuscito, inspiro e minhas fantasias multiplicam-se magicamente,
Colocando você como seu vértice, referencial necessário de toda
sensualidade atraente, mas estou impossibilitado de ter você, realmente,
por distância ou porque pode que por minhas mãos não alcançam suas
figuras sensuais ou as partes adoráveis do seu corpo com as quais tantas
vezes deleitei-me quando com você compartilhava momentos delirantes.
Sim, aqueles inesquecíveis em que sua ternura me fez sentir
definitivamente amado, o mais feliz dos anjos, cuja riqueza maior
foi ter feito passeios de gôndola em canal abundante.
Entre verte, imaginar que está e desfrutar de suas delícias
Vou vivendo subrealmente, bebendo seus néctares sem me molhar,
Apenas vendo como percorrem seu corpo envolvidos em destelhos
saídos de imagens suas que bem refletem a mistura de paixão
e amor puro, que claramente sente e que me salvam ao fazer
superar distâncias e ausências, tristezas e aquela carência
um pouco humana e outro tanto animal que conseguiram
transformar-me num rapaz que persegue ilusões tão distantes
quanto presentes, na minha cabeça que as tornaram a realidade.
Oh ausência fatal!, que, como ar cinza empurram para o abismo
eu, você, nosso amor e todos os sonhos que em tantos anos foram
pintados, sem que nunca houvesse acordos sobre as partes que cada um faria e que ao final viraram provas de resistência perante uma abstinência
cuja crueldade desgarrante e duradoura nos conduziram a encontros lascivos que sob a embriaguez produzida por fluidos de amor geraram uma dependência, vicio realmente, de você e das representações suas em imagens que como algemas aprionadoras do eu feroz, ao final, transforma-me em um outro eu manso.
Imagens como antídoto caseiro nos permitem sobreviver, envolvidos em fantasias, levando nossas almas à espera por momentos de frenesi e com eles a chegada de um manantial, real, de ilusões cujo fim supremo é recompensar-nos pela resistência e o apego à promesa de, numa realidade especialmente preparada, fundir-nos definitiva e felizmente.