Em Objetos Sem Vida
Tem vezes em que acordo
E meu coração grevista
Parece desejar
Não mais pulsar
O sangue que o corpo precisa.
São nessas horas que sinto vontade
De ser algum objeto sem vida,
- se é que sem vida eu poderia "ser" -
Daqueles que nem a felicidade
Da morte
Merecem ter.
Queria ser os objetos
Mais simples e presentes
Dos teus dias.
Como as vestimentas
Que do guarda-roupa tu tiras
E com carinho as vestes.
Ou as peças íntimas
Que recebem
Teu corpo molhado
Após um banho
Ou quando excitado.
Queria ser a luz do abajur
Que acende quando chegas cansada
E deitas na cama teu corpo
Pesado e nu.
- o problema seria viver
num objeto morto
e assim te ver
todo dia em contemplação -
A única coisa com vida
Que eu gostaria ser
Seriam as células cardíacas
Do teu coração.