Em Objetos Sem Vida

Tem vezes em que acordo

E meu coração grevista

Parece desejar

Não mais pulsar

O sangue que o corpo precisa.

São nessas horas que sinto vontade

De ser algum objeto sem vida,

- se é que sem vida eu poderia "ser" -

Daqueles que nem a felicidade

Da morte

Merecem ter.

Queria ser os objetos

Mais simples e presentes

Dos teus dias.

Como as vestimentas

Que do guarda-roupa tu tiras

E com carinho as vestes.

Ou as peças íntimas

Que recebem

Teu corpo molhado

Após um banho

Ou quando excitado.

Queria ser a luz do abajur

Que acende quando chegas cansada

E deitas na cama teu corpo

Pesado e nu.

- o problema seria viver

num objeto morto

e assim te ver

todo dia em contemplação -

A única coisa com vida

Que eu gostaria ser

Seriam as células cardíacas

Do teu coração.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 12/09/2007
Reeditado em 12/09/2007
Código do texto: T649210
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