AMANTES
Solitária em meia cama deserta
Procura a ausência a seu lado
Imensa saudade lhe aperta
O coração um tanto culpado
Os cinco sentidos em alerta
No telefone nenhum recado
Ele nunca chega na hora certa
Em lugares vulgares terá parado
Conselhos para ficar esperta
Ama sempre o homem errado
Pau nascido torto, nada conserta
Sorriso amargo ao antigo ditado
Outras mulheres ele também flerta
Quantos muros terá pulado?
Melhor evitar tal descoberta
Não tomar um gesto impensado
Solidão é pior que paixão incerta
É preciso ter sonhos dourados
O barulho das chaves lhe desperta
Abraçam-se corpos perfumados
Ele diz que esqueceu a porta aberta
Ela reclama esteja atrasado
Instante de zanga uma flor desconserta
Faz elogios ao vestido decotado
O amor se acende e se liberta
Desalinham um ao outro o penteado
Completam-se sob a coberta
Um par de amantes enamorado