Os respiros da mulher amada

Tem vezes em que o sono vai dar uma volta

e nos abandona numa cama já aquecida e compartilhada.

O breu esconde tudo ao redor e alguns pensamentos

se aproximam pouco a pouco.

Ao lado, a mulher amada de sono farto, sono liberto, sono merecido, sono em paz.

Seus respiros começam a ser notados por mim,

como respingos dizendo que lá está ela, inteira, do meu lado.

Seus respiros, compassados e tranquilos, traduzem que não me abandonou, que, apesar dos tropeços do cotidiano,

não arredou pé do nosso acasalamento.

São respiros que parecem cantarolar aos meus ouvidos tão próximos que a caminhada conjunta está valendo a pena.

Fiquei nessa noite contemplando os respiros da mulher amada,

sentindo cada inspirada e expirada

e colocando um pouco do seu ar pra passear com o meu,

de mãos dadas e corações entrelaçados.

Eternamente entrelaçados.

Apesar de compartilharmos do mesmo colchão há tantos tempos,

nunca tinha me dado conta do que seus respiros noturnos

poderiam me mostrar, me fazer sentir, me fazer refletir.

Confesso que foi delicioso esse entendimento.

Que seus respiros possam se misturar aos meus por muitas e muitas noites.

Amém!

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 26/10/2018
Reeditado em 26/10/2018
Código do texto: T6486464
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