CADA UM EM CADA MIL

Cada ruído vem acompanhado do seu silêncio,

cada letargia já experimentou seu movimento,

cada poesia já sonhou com a mão a escrevendo

e cada verso já sonhou com seus olhos o lendo...

Cada bêbado já experimentou seu tombo,

um ou outro fio já ficou mudo, sem comunicação,

a eletricidade ao cometa causou um rombo,

um outro desprezo em algum desprezado coração...

Cada vírgula já interrompeu a frase perfeita,

cada ponto já secou a imaginação do poeta,

cada anjo já dormiu em serviço, teve maleita,

cada curva já morou no bisturi do esteta...

Cada nuvem já quis chorar sobre o sertão,

cada pétala já sonhou morar em outra flor,

cada gota de sangue já se deu ao coração,

cada vazio já espiou pela janela da casa do amor...