Amor em bytes
Amor em bytes
Queria voltar ao tempo das caravelas,
Singrar os mares, cruzar oceanos
Em busca de novas terras,
Ouro, amor e seus enganos.
Crescer junto a plantação,
Amassar o trigo, fazer pão,
Ter filhos e os ver crescer
Ao redor do fogo e brinquedos ao chão.
Um tempo por certo mais simples,
Onde o visível estava ao alcance dos olhos,
E o real ao alcance das mãos.
Mas, meu amor está longe,
E ao mesmo tempo tão perto,
Nessa tela que é meu deserto,
Arenoso como a escorrer pelos dedos.
Digito, mas não abraço.
Desejo, mas não o beijo.
Teu hálito e teu perfume, não os sinto.
Às tuas palavras, não arfo.
Mesmo sussurrando ao teu ouvido,
Não desfruto do prazer
De ver eriçar teus pelos.
Assim como os sorrisos que não provoquei,
Lugares que não dividimos.
Quisera não ver, apenas saber.
Doeriam menos esses registros.
Estar longe de você é deletar possibilidades,
A memória tátil pouco a pouco evanescer.
Por melhor que seja a resolução,
Nem que fosse um holograma,
Nada superaria meus braços ao redor de você.
Preferiria escrever cartas, olhar para a lua e
Sonhar como esta o meu amor encontraria.
Teria ciúmes e imaginaria,
O que faz ou onde estaria?
Alimentaria meus dias com esperança,
A expectativa me nutriria,
Torcendo que nossa aliança,
A distância ainda mais fortaleceria.
No entanto, cada live, cada áudio
Antecipa minha chegada.
Não haverá novidades.
As expectativas, frustradas.
De certo registros são importantes,
Mas nada substitui o contato físico.
E o excesso de informação
Mata o lirismo do imaginário,
O sonho fica meio que perdido.
Algo plástico, sem romance,
Da saudade fui suprimido.
Não há o que matar,
Tudo já foi compartilhado, dividido.
E, ao saber que nada há,
Ao encontro seremos mornos.
Os dias serão mais frios.
Rose Paz