amor 47

o velho que recorda sua vida

suas amantes trata de sua depressão

visita uma das suas amantes no porão

que gravitam á roda do casal

uma prostituta que trabalha no local

ignorada pelo pai, era enganada pelo marido

mesquinho e impotente não via mas

o velho empenhado em não saber do caso

da queixado marido da amante

uma relação visceral de gestos afetivos

cabe á amante a tarefa de encerrar o casamento

tardio embora enfim se lembra de atalhar a vida

do fluxo de consciência que ordena sua alma

o velho ouviu na sua infância madura

que vale como estigma da vida inteira

de uma ladainha de infelicidade de alguém

como em refrão inercial ao tempo da ação

para o fundos melancólicos e obsessivos

a serviço da evidência de uma infelicidade sem cura

cada vida esta ligada á outra vida passada

nas quais deste sempre se é defunto

por fim, arriscaria dizer a infeliz que ela dormiu

assombroso e precioso aspecto á dois

do romance são o final da negação da morte

a ambição dos amantes ultrapassa á razão

da infelicidade sem cura da memória

que acumulam em núcleos traumáticos