Hoje
Hoje, eu quero o amor em plenitude.
Matar as saudades,
Afogar os receios
Nas águas remanescentes.
Vestir estas asas de penas e pétalas
E voar na imensidão de teu ser!
Hoje, quero pousar em teus braços
E ouvir, outra vez, a brisa da tua boca.
Correr os meus dedos
Em teus cabelos escuros,
Como a noite que passara.
Contemplar o teu rosto,
As dálias da tua face
A neve do teu riso,
Até que eu perca o fôlego.
Hoje, eu quero cair
perder-me em teus olhos
de escuríssimo âmbar,
E adormecer em teu colo (...)
Quero envolver-te,
Beber de teus lábios,
Do nácar destas rosas,
O néctar suave de teus beijos
(que quanto mais eu bebo
Mais sedento fico).
Hoje, eu quero cada gesto,
Cada suspiro
Irrompido de teu seio.
Quero os sonhos
E os instantes caídos das mãos do Infinito,
Que a teu lado me parecem séculos de Primavera.
Hoje, eu quero os aromas,
Os perfumes da tua pele
a embriagar-me os sentidos.
Hoje, eu não me contento
com menos do que tudo.
Quero cada detalhe,
Ouvir o teu silêncio,
Perceber tua voz nascer ,suavemente,
Das nascentes da tua alma,
Nas curvas da tua boca,
E desaguar sobre mim
Como divinos mananciais.
Hoje, eu te quero
Como se nunca antes te quisera,
Como se hoje fora o último dia em que te visse.
Hoje, não quero o Sol
Nem o brilho das estrelas.
Nem mar imensurável
nem o vento sussurrante.
Quero somente a ti.
Somente a ti (...)