Canções do Amor. Canto 5.

CANTO 5.

Eis a flor majestosa,

De beleza ornamentada,

Mulher misteriosa,

Musa encantada,

Ninfa gloriosa,

No Olimpo planejada,

Para ser raro perfume,

E no céu ardente lume.

Eis a dona do meu ser,

A chave do meu amor,

Estes olhos te viu crescer,

E neste coração tão grande temor,

O meu grito poético vi nascer,

As poesias de um adorador,

Mas o tempo… O tempo passou,

E tudo… tudo mudou.

Eis a forma desejada,

Flor augusta da primavera,

Tão adorável, tão amada,

Tão afável, também severa,

Ora falante, às vezes calada,

Às vezes gentil, outras vezes uma fera,

Desejei sem poder desejá-la,

Amei sem ter como amá-la.

Eis surgindo o meu diamante,

A minha musa graciosa,

Com seu olhar incandescente,

Magnífica e perfumada rosa,

No entanto, minha impaciência irritante,

Nesta minha alma tempestuosa,

Não compreendendo o seu amar,

Não compreendendo o seu desejar.

Eis surgindo minha incerteza,

E diante de tantos acontecimentos,

Vejo-me acorrentado a tristeza,

Nos mais turvos dos pensamentos,

De nada mais tenho certeza,

Apenas dores, lágrimas e lamentos,

Ela se foi tão de repente,

Ela se foi… Eternamente.

Eis o meu coração desejoso,

Buscando sempre a minha amada,

No peito, ora receoso,

A alma, ora atormentada,

A escrita em tom trabalhoso,

De rima torta já cansada,

Tanto quanto à desejá-la,

Tanto quanto vou amá-la.

Eis o sentir como não se via,

No sentir o verso cortado,

Eu que tanto lhe dizia,

Do meu olhar enamorado,

Meu sentir repleto de alegria,

Meu coração no badalar alvoroçado,

Lembra, anjo ledo, à florida cidade,

Lembra, anjo ledo, da não dita verdade.

Eis que cedo venho,

Tu, que a muito me conhece,

Sabes bem que não me detenho,

Enquanto fingida desconhece,

O traço torto, o rabisco, o empenho,

E ao surgir, teu sentimento desfalece,

Diga-me então, anjo ledo,

Me amar te causa medo?

Eis que a dor inflama,

Incendeia toda a alma,

No calor dessa chama,

Perco meu norte, a calma,

Dar tudo a quem ama?

Quando suplica a clama?

Talvez eu deva reconsiderar,

Talvez eu deva me afastar.

Eis que estamos condenados,

Em nossos atos vergonhosos,

Constantemente enganados,

Constantemente duvidosos,

Ocultamente enamorados,

Almas insanas, vis enganosos,

Tanto mais nos vejam,

Ainda sim… tanto mais desejam.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 18/10/2018
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