ESSA QUE EU HEI DE AMAR

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia

será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,

que eu pensarei que é o sol que vem pela janela,

trazer luz e calor a essa alma escura, e fria

E quando ela passar, tudo o que não sentia,

da vida há de acordar no coração, que vela…

E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela

como sombra feliz…—Tudo isso eu me dizia

quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,

e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro

do poente, me dizia adeus, como um sol triste…

E falou de longe: “ Eu passei a teu lado,

mas ias tão perdido em teu sonho dourado,

meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”

Guilherme de Almeida
Enviado por Miguel Toledo em 15/10/2018
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