A FLOR E O JARDINEIRO...
Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que tanto remordi...
As que às roseiras, nas manhãs formosas,
Disputo eu mesma, às asas inquietas
Das libertas, loucas borboletas.
Gosto de ter, na minha poesia, rosas.
Nas lindas faces cândidas, mimosas,
Duas rosas, também, Luiza trazia:
As da saúde, que são mais preciosas;
E nos lábios do Poeta, ainda se via...
Coitada! Ouvindo a sua voz macia,
Mal eu punha em seu rosto o olhar de gelo...
E, em resposta, a julgar que a flor me ouvia,
Somente à flor mostrava o meu desvelo...
Vês esta rosa, antiga, ressequida,
Que me ofertaste quando nos amamos.
Guardei-a com carinho, pois na vida
Faz recordar o amor que permutamos...
Entre o que me queres e te quero,
Ar de estrelas e tremor de planta,
Espessura de anêmona levanta
Com escuro gemer dois anos inteiros!!!
Hoje, esquecendo ingratidões mesquinhas,
Alimento a ilusão de que essas rosas,
Ao menos essas rosas, sejam minhas.
Se cultivei amores às mãos cheias,
Culpa não cabe às minhas mãos piedosas
Que eles passassem para mãos alheias.
Quero ficar contigo humilde e quieta,
A recordar que sou, como a do poeta,
Cálida rosa de uma só manhã.
LMBLM
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