Canções do Amor. Canto 2.

CANTO 2.

És musa da inspiração,

Nascida no jardim da beleza,

Tens nos lábios doce canção,

E no lume dos olhos realeza,

De encanto desmancha meu coração,

Tamanha e inigualável grandeza,

Falas ao meu seio dorido,

No cárcere aedo esquecido.

És minha afrodite,

Vieste de terras distantes,

Embora ele não acredite,

Eram teus gracejos inoscentes,

Que ao pensamento insiste,

Por caminhos tão diferentes

Sou insano, isso eu sei,

Tantos beijos, que não beijei.

És precioso diamante,

Musa em cada poema

De incalculável quilate,

No Olimpo ninfa suprema,

Sou o teu oculto amante,

A tua insanidade extrema,

O teu desejo de Ventura,

Amor, paixão, loucura.

És como anjos celestiais,

De vestes tão alvas,

em tempos ancestrais,

Em verdejantes relvas,

De cantos magistrais,

Eu, prisioneiro nestas selvas,

Te suplico, doce anjo ledo,

Salva-me, que de amar tenho medo.

És de beleza delirante,

Como às noites de outono,

Feche teus olhos lentamente,

Adormeças em lúcido sono,

Eu, teu poeta errante,

Andarilho no caminho do abandono,

Amor da minha vida,

Em teu seio busco guarida.

És doce menina,

Deste aedo ferido,

Há este tempo, nesta hora divina,

Tornei-me apenas amigo?

Mas o tempo sempre ensina,

Por isso o estimo, e o sigo,

Há de ver menina; de teus altos montes,

Cristalinas lágrimas das minhas fontes.

És aquela que o meu coração embraseia,

No céu, o astro purpurino,

Que esta alma anseia,

Sou como inocente menino,

Lá na praia, deitado na areia,

Veremos então o nosso destino,

Sobre as turbulências deste mar,

Tal qual, vacilante barco a naufragar.

És a ninfa que me cegou,

Naquela fatídica hora,

O amor à mim se agarrou,

Então eu disse: " Deus meu, e agora?"

O amor como erva daninha logo se alastrou,

Na mente, no coração, e na alma já aflora,

Eu já nem sei o que fazer,

Meu coração desaprendeu a bater.

És tu, que em chamas me faz arder,

O tempo é perdido, não é mais nosso,

Não sei se quero, mas não consigo esquecer,

Os anciãos dizem que não posso,

Que não devo permitir esse amor nascer,

Mas o que faço, se não te esqueço,

Meu poema é um canto agudo,

Triste, vil, silencioso e mudo.

És o que vê, meu perdido amor,

O arder no ácido beijo,

O alento além da dor,

A dor que hoje almejo,

Anjo ledo, estrela de esplendor,

Guardiã do meu desejo,

Meu verso é teu mudo grito,

Palavras ocultas ao ínfinito.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 20/09/2018
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