O que se passa é o que se sente
O apego do querer ser
Do querer estar
Do querer construir
O mesmo apego que enlaça
Que fere, que obstrui
O apego de ser um
Quando dois são bons
Ou quando, simplesmente, renunciam
Do querer estar apegado à fantasia
De todo um conjunto
O apego do quente
Do querer ser rancor fervente
Que arde até que não mais sente
Por estar tranquilo
E por estar perene
O apego destrói
O mesmo que recompõe em versos
Essa minha vontade luz do universo
Revelado em mero desejo da morte súbita
Trazida nesse sentir que me escuta
O apego não se mostra paciente
É desmedido e inconsequente
É desespero em meio a dor da perda
Daquilo que nunca se teve
O apego é cruz sangrenta de compaixão tênue
O apego é tempo
É passageiro na sua certeza do fixo
Inevitável que transcenda
O apego é oração
Pedido ao vento que o deixe
Estar preso no seu ato de liberdade
O apego é arremesso