Bebida II
Fazem anos que me enveneno,
Me deixo dormir triste ao sereno,
Minhas pernas pesam com o pecado e não me sustento,
Juro que estou bem, mas eu tento, tento e tento,
Foram anos de tentativas frustradas,
Oportunidades de ser sóbrio destroçadas,
Tantas bebidas intercaladas,
Afogando-me em lágrimas alcoolizadas,
Eu não tenho o que lembrar,
Não tenho o que esquecer,
Não tenho o que eu quero afogar,
Não tenho o que deixar morrer.
Então, por que eu estou alcoolizado?
Se eu aceitei quem eu sou, porque fico remoendo o passado?
Eu já aceitei o meu fardo,
Não tenho mais nada de pesado,
Eu não posso me alegrar que meu coração fica apertado,
Não bebo por algo que me faça mal,
Nem é um vício muito cordial,
Mas efloresce o violinista sentimental,
Revive o meu ser astral,
Bebo como lembrança de uma saudade,
Não importará a minha idade,
Nem o quanto leve seja minha serenidade,
Mas não me permitirei estar preso pela eternidade,
Viro esse vinho para brindar,
Bebo por muito me amar,
Faço questão de que a cada gota vou me lembrar,
Como é bom estar de volta ao meu próprio lar.