Bebida II

Fazem anos que me enveneno,

Me deixo dormir triste ao sereno,

Minhas pernas pesam com o pecado e não me sustento,

Juro que estou bem, mas eu tento, tento e tento,

Foram anos de tentativas frustradas,

Oportunidades de ser sóbrio destroçadas,

Tantas bebidas intercaladas,

Afogando-me em lágrimas alcoolizadas,

Eu não tenho o que lembrar,

Não tenho o que esquecer,

Não tenho o que eu quero afogar,

Não tenho o que deixar morrer.

Então, por que eu estou alcoolizado?

Se eu aceitei quem eu sou, porque fico remoendo o passado?

Eu já aceitei o meu fardo,

Não tenho mais nada de pesado,

Eu não posso me alegrar que meu coração fica apertado,

Não bebo por algo que me faça mal,

Nem é um vício muito cordial,

Mas efloresce o violinista sentimental,

Revive o meu ser astral,

Bebo como lembrança de uma saudade,

Não importará a minha idade,

Nem o quanto leve seja minha serenidade,

Mas não me permitirei estar preso pela eternidade,

Viro esse vinho para brindar,

Bebo por muito me amar,

Faço questão de que a cada gota vou me lembrar,

Como é bom estar de volta ao meu próprio lar.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 16/09/2018
Código do texto: T6450818
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