Canções do Amor. Canto 1.
CANTO 1.
Vês, como és bela,
De olhar reluzente,
A face de uma donzela,
Olhar envolvente,
Lembra, a flor na janela,
Lembra, a estrela cadente,
Recordo com emoção,
Tesouros ocultos no coração.
Vês, como és formosa,
Cheia de encantos,
Inteligente, altruísta, graciosa,
Espreitando-me pelos cantos,
Tão impulsiva, ansiosa,
Dominando meus sentimentos,
És tu, mesmo assim,
Oceano de amor sem fim.
Vês, como o tempo passou,
Lembra da nossa mocidade,
Hoje, aquilo tudo acabou,
Eu era ainda de pouca idade,
Quando o amor me arrebatou,
Meu coração tão sem maldade,
Inundado de boas recordações,
Sentimentos e emoções.
Vês, como o tempo passou,
E de repente, se fez calmaria,
Este seio que tanto amou,
Entre a dor e a alegria,
Este coração que tanto cantou,
Talvez, não mais cantaria,
E nas asas do vento,
Foi-se tão ditoso intento.
Vês, nada mais é com antes
Tudo se faz diferente,
Nossos corações tão inocentes,
Tolo aventureiro, navegante imprudente,
Aqueles momentos tão importantes,
Se fez agora mais distante,
Minha alma cheia de medo,
Ocultou-se neste peito aedo.
Vês, o alvorecer de novembro,
De calor tão intenso,
Ainda me lembro,
Na janela, branco lenço,
Parei, chorei, angustiei-me, relembro,
Aquele amor tão imenso,
Amei sem ter medo,
Meu doce anjo ledo.
Vês, o quanto te amei
Demasiadamente noite e dia,
Com você sempre sonhei,
Meu coração que era alegria,
Agora eu já não sei,
Tudo é vão, dor, agonia,
Sou poeta forasteiro,
Louco desordeiro.
Vês, o meu desespero absoluto,
Diante do teu silêncio desalmado,
Não sou aquele jovem astuto,
Sou um tanto triste, infeliz, calado,
Meu coração está em luto,
No peito foi dilacerado,
Morreu a bela flor,
Morreu tão grande amor.
Vês, meu amor, que mundo traiçoeiro,
Quisera eu viver esses desejos,
Pobre e triste cancioneiro,
Queimar-te a face em ardentes beijos,
Sou, no entanto, vil prisioneiro,
De teus ardis gracejos,
Sou a ave cancioneira,
Do Olimpo prisioneira.
Vês, meu amor, de ti escondido,
Envolto na neblina da incerteza,
De tudo e de todos perdido,
De nada mais tenho certeza,
Meu olhar de ti esquecido,
Clamando por tua beleza,
Sou mesmo um poeta destemido?
Ou, apenas um louco deprimido?