deixarei para me preocupar com isso aos 40

o julgamento dos casais
se forma nos olhares
quando alguém entra em algum
lugar
sem companhia;
cada par dança
o que lhe convém,
e falam de amor
e falam de eternidade
e eu ouço tudo me enchendo
o saco,
e eu ouço tudo me embriagando
pra não ter que ouvir mais;

"somos todos mortais," eu digo olhando para o fundo do copo
e então
conversamos sobre música,
sobre programas de tevê
e eu a vi jogando sinuca
dentro do bar
uma vez ou outra
enquanto eu me aquecia
com pensamentos de amor
e chamando o garçom mais
uma vez.

bebemos nas ruas,
bebemos nas praças,
bebemos em meu quarto,
bebemos por todo o caminho
atrás de realizar nossas fantasias
tão aclamadas
de liberdade e boa música.
por um momento eu posso ver
as respostas desenhadas saindo de
sua boca
a cada palavra,
e eu também vejo seu cabelo
mudar de cor,
mudar para cachos,
e eu também ouço sua voz mudar
da inocência para a perversão,
de segunda à sexta
quando me liga
escondida no banheiro
ou quando o sol se retira
para dormir.

nós sonhamos em alcançar a lua,
mas eu sempre paro
no meio do caminho
para apreciar as estrelas.

ou porque fui cegado pelos seus brilhos.

e o prazer continua
e o prazer continua
e o prazer continua.

"garçom," eu o chamo. "vamos fazer aquilo
mais uma vez."
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 13/09/2018
Código do texto: T6447962
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