A Sereia

1

Em um mar distante

Em uma terra a muito perdida

Um pobre jovem mercante

Se preparava para sua partida

Seu navio por piratas foi atacado

E por eles sua vida fora condenada

Ao mastro ele fora amarrado

Enquanto a embarcação afundava

“Não lamento por perder

Todo ouro que demorei a colher”

Confessou ao nada em sua depressão

“Lamento apenas não ter encontrado

A mulher a qual eu teria amado”

E chorou o seu coração

2

Com a água já lhe batendo no peito

Ele pensou ter começado a delirar

Pois ali estava um ser perfeito

De olhos claros a lhe observar

Corpo de mulher, rosto de anjo

E uma exuberante cauda de peixe

Tudo em um maravilhoso arranjo

Parecendo emoldurado pela luz em um feixe

“Bela criatura que meu fim ilumina

Tenha piedade da minha triste sina”

Pediu o homem em desespero

“Que seja você minha ultima visão

Tua beleza conforta meu sofrido coração”

E pela água ele foi engolido inteiro

3

Ele pensou ficar na água por minutos

Observando a sereia dourada

Com uma expressão de quem esta em prantos

Ainda permanecendo ali parada

Apenas então ela o soltou

Das vis cordas que o prendiam

E sobre a superfície ela o elevou

Concedendo ar aos seus pulmões que ardiam

“Obrigada! Oh obrigada!

Que sua existência seja agraciada!”

O Mercante chorou de alegria

“Minha vida lhe pertence ser abençoado

Serei para sempre o seu criado”

Jurou, por que ela merecia

4

A Sereia então começou a cantar

Enquanto o carregava

Para seu coração confortar

Enquanto por terra ela procurava

Passou noite, passou dia

Mas ele não sentia fome ou frio

Pois sua magia o nutria

Através do seu tom de voz gentil

“Mesmo que eu esteja perdido

E suas palavras não façam sentido”

O mercante começou a falar

“Meu coração em ti confia

E me afasta de toda a agonia”

E por fim foi à escuridão encontrar

5

Quando por fim acordou

Oh! Que terrível visão

A bela sereia ele encontrou

Estirada quase sem vida no chão

Por toda a distancia sua vida doou

Para manter vivo o jovem rapaz

E quando na terra finalmente chegou

Já não lhe restava muito mais

“Eu escolhi esse fim

Já sabia que seria assim”

Murmurou em um fio de voz

“Me apaixonei pela alma em seu olhar

Não podia deixa-lo definhar”

Ela chorou diante de sua morte atroz

6

Ao ver sua vida esvaindo

O mercante então a beijou

E já não morreria mais arrependido

Pois pela primeira vez amou

E desse amor criou-se magia

E a morte já não os separaria mais

Das suas escamas pele surgiria

E agora ambos eram iguais

“Seu amor minha vida salvou

E o meu a sua retornou”

O mercante sorriu emocionado

“Agora somos uma alma só

De hoje em diante até virarmos pó”

E para eles um futuro glorioso foi revelado.

Kaomy Carvalho
Enviado por Kaomy Carvalho em 13/09/2018
Código do texto: T6447334
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