O jardim de Yasmim (part II)

Ipês formosos me cercavam

Galhos robustos, folhagens orgulhosas.

Sentei-me a grana e observei, somente observei.

Perdido no jardim de Yasmim

Percebi que á perdição tinha como finalidade de lição

Como o homem é parecido com as arvores!

Ventos que não vemos nos sacodem

Às vezes os tempos são de brisas, em outros trazem tempestades.

E como é preciso estar com as raízes firmadas

Pois numa tempestade onde não à raiz

Os galhos são perdidos as folhas se caem

E a vida se vai...

Cheirei um lírio do campo e senti o perfume da Yasmim

O mais próximo em que meu eu chegou a ela

Aquele perfume da manha me trouxe cores novas

Cantei com as rosas, dancei com as garças.

Brinquei com o vento, e já não me sentia perdido.

Mais a mancha do céu se partia

A dona da noite viria a me trazer saudade

Onde estou? Porque me perco neste misterioso jardim

Onde tudo me fascina e ao mesmo tempo me da temeridade

Que palavras tolas despacho aos ventos?

Busco-a onde não há

A pneuma do gozo se vai

Sou réprobo sem causa

Perdido pelos meus desejos

Desvairado, ponho-me a correr.

Cruzo arvores,

Rasgo riscos d águas desenhados ao solo

Cadê você que me fez perdido neste jardim

Onde estas Yasmim!

Por que meio tem-me aqui perdido

Temas em não me amar, mas me abandonas no seu mundo.

Crestando-me com teu adeus

Deixando-me somente o verde de tua alma

Como dói teu calar

Serei sopito por tua ausência?

Serei nu de teus carinhos?

Serei este que penumbra em teu pomar

Até quando irá me ignoras, negando teus beijos.

Sou motim sem causa, por não ouvir tua voz.

Pássaro sem sombra,

Peixe sem água,

Pavão sem plumagem

Somente sou o preto e o branco.

Ao pé de uma nascente pus-me a me refrescar

A água límpida que descia sobre meu corpo

Era semelhante aos teus lábios úmidos

O frescor que me tomava naquele instante era tua alma posta a minha

A mancha do céu novamente se punha ao fim do cenário jardinou

Encontrei com as faladeiras orquídeas

Falaram-me que você acabará de passar por lá

Onde estas Yasmin?

Meus berros sumiram ao teu jardim infinito

Pousou um azulão de penas roxas do meu lado

Teu cantar era fúnebre ali percebi que jaz minha mortalidade

Que habitaria naquele mundo pela eternidade a procura de ti

Meu cantar de veneta.

Mais um dia se vai, e eu a cá estou.

Preso, mas livre.

Triste, mas alegre.

Pois, pois a masmorra de teu jardim me traz algofilia.

guido campos
Enviado por guido campos em 09/09/2007
Reeditado em 13/03/2015
Código do texto: T644620
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