Refúgio da Alma
Oh vento sorrateiro que persegue a sombra da alma,
És devastador ao cume que controla a alegria,
Não és sábio ao devassar a dor
Em refúgio do teu seio amargo.
Eu seria as asas que planaria teu voo,
Se em teus encantos permitisses que entregasse meus desejos,
E em tua relva eu adormecesse sem medo dos sonhos,
És apenas um vento negro que suja as minhas vestes,
Banhar-me-ei no sereno que cura a mágoa em dias inacabados,
Tu poderias ser o eco que completa o vazio da voz,
Ou entre as flores sonolentas serias o leito dos pássaros,
Ter-me em paixão há a alma predestinada,
Que escondes entre as veredas que cegam a visão atordoada,
És apenas o cansar do corpo que se deixa perdido na névoa,
És meus pensamentos turvos que se perdem ao insensato pudor,
Permites que eu liberte a alma de teu cárcere sem correntes,
Viverei e pensarei em seguir por a estrada que se alarga,
Sem a sentinela do teu sopro que vaga seguindo minha liberdade,
Eu seria livre para encontrar a metade da alma que não se encontra,
Em teias prendo a vontade e o medo,
Em canções reparo a face que se refaz aos poucos,
Em rabiscos guardo as visões que se reserva ao futuro perfeito...