A ROSA E O CRAVO

Doce rosa. Um dia te vi na claridade,

era noite: a lua, as estrelas naquele achado

tu, eu e a noite em soledade.

Estava como desde que chegara, quebrado

no redondo da praça com toda lealdade

e tu .... a prozear com outras flores no teu reinado

balançando d´galho a outro em mensagem;

o orvalho ..... a cair no teu corpo todo na voragem.

O vento, ah ! O vento a te balançar .....

Eras o encanto das flores

minha doce rosa, deixa-me te escutar.

Escuta ! O vento parou .... sinto todos sabores

que a vida proporciona. Acho que devo continuar .....

Não pude mais vê-la. Quantos horrores

por quê meu Deus ? Passou o tempo, fiquei só

sentado num banco da mesma praça a te procurar com dó.

Tu não vinhas .... O que fazer ? Que astral !

Um dia senti teu perfume ao olhar de soslaio.

Minha surpresa foi tamanha ! Especial,

estavas bem próxima de mim como raio.

Que felicidade meu Deus ! Cura medicinal

vindo de teu olhar profundo em desmaio.

Coração verdejante como os campos vividos;

que bom teria sido ! Fostes embora deixando-nos encarnecidos.

Novamente fiquei só, triste com esta ardência

me apertando. Minha doce rosa foi embora......

Certa vez, fui carpir teu jardim em clemência,

que formosura ! Que bela és tu, senhora .....

Oh ! Minha doce rosa dá-me tua essência

de repente, numa tarde te amei como agora

meio sem graça - mas te amei

olhos nos teus olhos e pronto ! Te santifiquei.

Você meio sem jeito me amou com timidez.

Meu corpo tremeu triunfador

senti tremeres também, foi amor e solidez ?

Amor proibido ? Mas foi amor e devastador.

Teus botões da cor do campo em sisudez

estavam a me dizer que era amor inspirador.

Dois dias na minha lembrança, marcaram o tempo emotivo,

me cheguei - como quem - chega de mansinho recitativo.

Você, eu e o amor, como três crianças, que felicidade !

Me aceitastes, te amei, me amastes,

teus encantos verdes me diziam que era amor verdade

e o vento veio .... fostes embora, partistes

como havias chegado, que tristeza me dá nesta saudade.

Agora triste, recordo aqueles momentos que fingistes,

que estivemos lado a lado, não importa !

Vivo da lembrança, esperança amarga que me conforta.

Esperança de te tocar

minha doce rosa .....

Abismo sem fim, amor proibido de aceitar

por quê ? Proibimos aquilo de bom e tão deliciosa

que existe dentro de nós, se é só acatar ......

Recordo com o coração apertado e você impetuosa

que te vi ontem, hoje linda, exuberante

como os verdes olhos de tua blusa galante.

Não posso tocar-te quando quero amor

se tivesse este prazer ......

Mas posso senti-la sempre que quero com fervor.

Esta é minha felicidade em lhe dizer

esta é minha alegria em dor,

alegria ..... alegria em maldizer

chora coração .... chora, porque no fundo

esta minha alegria cala bem profundo.

Alegria que ninguém me tira ! Lenitivo.

Nem você, o vento, a chuva, a noite cinzenta, meu fanatismo,

nem minha solidão, facultativo.

Viajantes de uma hora no maior romantismo.

Ah ! Que encanto, que incentivo

sentir tuas carícias constrangidas feito magnetismo

a me tocar. Caminhantes de alguns quarteirões

Ah ! Que felicidade a minha ! Quantas emoções ....

Tê-la à meu lado, um beijo a porta

sozinho na festa, turbilhão de vozes complacente,

luzes. Aparecestes, sendo o que me importa

como um raio fulminante, emergente.

Meu coração pulou de alegria. Me conforta

teu perfume, teus olhos, teu jeito de falar consequente,

minha doce rosa proibida. Você me viu descontente,

te olhei nos olhos, você me olhou diferente.

Por quê meu Deus ? Tinha que ser você ! Engano ?

Estou feliz ! Te vi, conversamos, pude te amar

as escondidas, não te vi ires embora neste desengano,

embora hoje não ames mais, quero te dar

o meu amor, porque eu te amo cada vez mais por ser humano,

e o que importa isso ! Só precisa continuar

a me amar, rosa perfumada

amada por mim, ensolarada.

Com estes versos, ganhei o 1º. Lugar do Primeiro Festival de Música Arte de Poesia da Cidade de Catu-Bahia. Setembro de 1983. Na categoria Poesia.

tabayara sol e sul
Enviado por tabayara sol e sul em 08/09/2007
Reeditado em 04/01/2009
Código do texto: T643168