FOME CARNAL

O amor, quando em excesso,

quebra pratos, compra ingresso

para a Casa da Dores,

pinta sem escolher a cor

da nupcia dos estertores

de sua fogosa amorosidade;

em excesso, o amor expõe

as vísceras da verdade

interior...

Existe gente assim, aos montes,

que gosta de pegar e morder;

no seu olhar se vê de longe

o se entregar e o se perder...

Nada é ousado no devorar,

bebe-se pela pele do suor o sal

como se o corpo fosse um mar,

antropo da alma, lúbrico animal...

Ninguém nada tem com isso,

com isso de fome carnal com alegria;

no centro do ser o espírito

come palavras para gestar poesia...