Sim meu amor
Quisera fosse apenas passagem esse algoz do amor,
que me deixa leve como a pedra, frio como o fogo, claro como a noite.
Quisera ser animal (in)amado, que sem algoz, vive este macabro viver.
Quisera poder dizer não por pavor. Pavor dessa dor que me acorrenta a alma, Mas digo sim meu amor, se queres passar comigo
a dor.
Quisera deixar de amar quando ao contemplar o mar, que traz-me teu fugido olhar, mas digo sim meu amor.
Queria partir para qualquer lugar e em lugar algum encontrar
punhais à nos apunhalar.
Todavia corro aos braços teus, desprezando os amados meus.
Queria poder não lembrar do teu olhar semoto quando partires e me deixares na melancolia do vão ardente das minhas memórias.
Queria não ter a dúvida da certeza dos perjúrios, que gladiam meus sentimentos nobres, porém tombo como um ébrio de fracas pernas ao dizer sim meu amor.
Fernando Brasil
Antologia poética 07/05/1993