Talvez um beijo ...
Talvez um beijo a roçar ao de leve a pele da boca.
Talvez um toque
… breve, fulgurante,
um afago de sangue, um lastro de barco,
um rio de riso, um manto de gelo
… quebrado,
um brilho líquido de diamante.
As sombras, o escuro e o perfil de um instante.
Talvez o canto!
Cantar-te, amado, em constantes brilhos de luas cheias,
em dunas de oiro,
em tempestades de areia e fogo.
Talvez um fundo de mar, um quadro inacabado,
um oásis desenhado
nas cores suspensas na paleta de um artista …
Talvez as espadas de sílex,
o aço dos punhais, cravadas na carne, as guerras desiguais.
Talvez os gritos!
Talvez o roxo dos silvados,
das amoras maduras, no frémito das comuns loucuras,
o desejo mascarado, os veios e caminhos interditos,
os abraços de silvas, as urtigas, recobertas de ternuras…
Talvez o Inverno
a descer-se acortinado no estendal das nossas vidas.