Conheça a ti mesmo, filho.

Observando-se entre as constelações,

Navegando em sua luz de emoções,

Sigo-me a mim mesmo atrás de novas canções,

Que depois do vazio do espaço vem as colorações,

Tais estrelas são minha navegação,

Meus pontos de referência nessa eterna criação,

Meus filhos da minha maior especialização,

O símbolo da minha comemoração,

Vejo que meu corvo se sente desgraçado,

Um pobre pássaro destruído e conturbado,

Prisioneiro da sua própria mente, engaiolado,

Amante da vingança, meu renegado,

Um filho querido e intocável,

Minha criação incontrolável,

Queria me tornar um mortal perdoável,

Para aconchegar-lhe do seu destino agradável,

Penso em todos os seus cruzamentos,

Uma vida de falsos juramentos,

O amaldiçoado por amores ciumentos,

Meu príncipe dos confinamentos,

Ser o pai de todos é entristecedor,

Chamado como demônio, pai, Deus, criador,

Uma casa cheia de desgraça e louvor,

Odiado e abandonado por negar meu próprio amor,

Aproximo-me pela pintura estridente,

Passando por cores que eu nunca me contente,

Apenas para ouvir o coração doente,

De um filho doce e imprudente,

Hoje uma alma se mancha de lamento,

Por ser outra obra do seu pai ciumento,

Confundi-lo pelo mundo e por dentro,

Suspirando tristemente na forma do vento,

Me sinto finito por não ser amado de volta,

Mesmo que eu tenha feito com que ela seja morta,

Mostrei-me uma divindade torta,

Nem mesmo a existência infinita suporta,

‘Pai, por que me abandonaste’,

‘Transformou-me num andarilho covarde’,

‘Por que tiraste minha liberdade?’,

‘Quer realmente que eu morra de verdade?’,

Novamente me torno o Deus da fraqueza,

Tudo pela minha falta de franqueza,

Roubei-lhe sua maior duquesa,

Tentar proteger seu filho é insano ou dureza?,

Deveria pedir desculpas mas minha voz não vai lhe alcançar,

Prometi a mim mesmo que não iria fraquejar,

O berço mundano começa a chorar,

Mesmo em meio da chuva ele tenta me procurar,

Perdoe seu pai, não é ódio ou abandono,

Estou te transformando em seu próprio dono,

Não queria todo esse transtorno,

Nem o transformar num objeto de adorno,

Meu filho é o corvo unilateral,

Uma palavra no meu dicionário que não será nunca no plural,

É um sonho que não considero imoral,

Mostrar seu amor matando seu pai imortal.

Seu ódio não deveria ser direcionado ao divino,

Perdão por parecer um mero ladino,

Arrancar-lhe o amor, o mestre, a confiança, a felicidade e o violino,

Meu objetivo era vê-lo feliz, dono do seu destino.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 19/08/2018
Reeditado em 19/08/2018
Código do texto: T6423738
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