Poesia, minha mátria
Lá onde tudo é sonho e esperança
e o Sol nasce sem fronteiras nem
tabacarias,
Onde as águas correm límpidas, cantantes,
e o vento transparente embala as árvores e
lhes abençoa as folhas amarelas,
Lá onde a relva cresce mansamente e
os crisântemos não enganam as saudades,
Lá onde tudo é sonho e
esperança –
É que eu habito
.
Lá onde os Deuses se alimentam
do fogo dos poentes, e habitam em
concílios de paz e de ciência,
Lá onde as laranjeiras cantam e dançam
sem medo de emprenhar e os
velhos carvalhos se espelham no
quente azul das praias do mar –
Lá onde tudo é sonho e esperança
é que eu habito
.
Lá onde os prédios não arranham e
os céus nos tocam de magias,
Lá onde se é feliz e
o trabalho não é forçado nem ninho de alergias,
Lá onde as rosas são vermelhas e os
cravos cor do fogo das auroras,
Lá onde tudo é sonho e esperança
é que eu habito
.
Lá
onde tudo é sonho,
e esperança –
é que eu habito
.
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© Myriam Jubilot de Carvalho
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Do meu livro
"O Livro das Actas
Ex annis 70 et 80 - In loco vehementer in calorem"
Edição d'autora
Cadernos Literários vuJonga - 2016
página 53
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