Hipócrita Divino II: Virar nada para ser tudo
Novamente trago traços,
Rompido por todos os laços,
A fé deixada em cacos,
O combustível de todos os fracos,
Qual o preço da minha liberdade?
Como pode ser o divino minha maior fragilidade?
Porque o tempo determina a minha idade,
Mas não lembra de toda a minha saudade?
Critico o divino,
Continuo sendo um bovino,
Um leal convicto,
De um destino infinito,
O fio da vida cruza tesouras prateadas,
Afinando até serem arrebentadas,
Não há almas no inferno confinadas,
Apenas lembranças esquecidas e consumadas,
Por que sei que esse não era um fim a ser superado?
Por que o fio se parte e me sinto reencarnado?
Preso em paredes de espelhos lado a lado,
Como um corvo medroso engaiolado,
Liberdade é paga por família,
Um prisioneiro que fecha a porta que o libertaria,
Deitado no colo do meu cadáver Maria,
Mas se não tivesse tirado de mim, tudo por ti eu faria.
Deus é silencioso como um trovão,
Um órgão afinado no solo da canção,
Novamente pintor, a ti faço menção,
Devolva o que é meu por direito, meu coração.