Hipócrita Divino II: Virar nada para ser tudo

Novamente trago traços,

Rompido por todos os laços,

A fé deixada em cacos,

O combustível de todos os fracos,

Qual o preço da minha liberdade?

Como pode ser o divino minha maior fragilidade?

Porque o tempo determina a minha idade,

Mas não lembra de toda a minha saudade?

Critico o divino,

Continuo sendo um bovino,

Um leal convicto,

De um destino infinito,

O fio da vida cruza tesouras prateadas,

Afinando até serem arrebentadas,

Não há almas no inferno confinadas,

Apenas lembranças esquecidas e consumadas,

Por que sei que esse não era um fim a ser superado?

Por que o fio se parte e me sinto reencarnado?

Preso em paredes de espelhos lado a lado,

Como um corvo medroso engaiolado,

Liberdade é paga por família,

Um prisioneiro que fecha a porta que o libertaria,

Deitado no colo do meu cadáver Maria,

Mas se não tivesse tirado de mim, tudo por ti eu faria.

Deus é silencioso como um trovão,

Um órgão afinado no solo da canção,

Novamente pintor, a ti faço menção,

Devolva o que é meu por direito, meu coração.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 14/08/2018
Reeditado em 17/01/2019
Código do texto: T6419064
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