Pedido

Débora,

eu tentei escrever algo belo o bastante,

como as coisas que lemos juntos nessas férias,

para te surpreender e te deixar arfante

co'a criatividade das minhas ideias.

Perguntarias como foi que pensei nelas,

e terias orgulho de me ter de amante,

mas fui tão incapaz como um pintor, nas telas,

que não sabe dar brilho ao que enxerga brilhante.

Então

multiplica o que escutas por mais de um milhão

para saber a sombra do meu coração.

Concede paciência, também, pois garoto

que tenta se mostrar à garota bonita

pela primeira vez, não consegue ser douto.

E em meu caso é pior ainda, senhorita,

pois sou envergonhado, e lerei poesia,

e és bonita!... Só posso ter ficado louco

para me pôr diante dessa maravilha

e ter a ousadia de ficar exposto.

Perdoa

que eu esteja nervoso e não recite bem.

És bonita demais, e eu me sinto um ninguém.

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Ao fim da adolescência eu te encontrei serena,

conversei um minuto e já quis ir embora

culpando as leis de mundo e de conversa amena,

dizendo aquela tinha de ser a minha hora.

Então me conjuraste um feitiço que agora

considero um milagre na vida terrena:

com uma indagação e teu cheiro de flora,

dopando-me, acordaste minha alma pequena

mostrando que era ainda tempo para a aurora.

E assim

fomos duas crisálidas em um casulo

metamorfoseando para o mundo adulto.

Crescemos pouco a pouco em jovens mais maduros,

de um jeito especial para sermos casal,

atendendo à distância os medos inseguros

como quem manuseia o mais fino cristal.

Dividimos rotinas, um amor verbal,

construimo-nos pontes e saltamos muros,

realizamos tudo para ser real

e para entrelaçarmos os nossos futuros.

Por tempos

mal soubemos de como nos encontraríamos,

mas tivemos a fé de que nos amaríamos.

Em vinte e nove meses nós crescemos tanto

quanto uma nova vida ainda na barriga

quente da mãe, fomos um verdadeiro recanto,

cada um para o outro, de quietude amiga.

Vimos do Paraíso uma fotografia,

ouvimos uma música análoga ao canto

materno à criancinha segura e aquecida,

sentimos o calor de um querer sacrossanto.

Agora

nossa história precisa nascer para ser,

crescer e aparecer: precisamos viver.

A imagem do céu límpido feito de cartas,

o som que tão bem zune da flecha cupídica

e acerta tal qual verso que nos entrega asas,

a vontade sincera por jornada lírica

de um neném que mal sabe a existência da física

mas quer ser bom por crer na música das fadas...

Amei, como amo a Deus, a temporada idílica,

mas as fadas por homem não serão tocadas

jamais.

Quero ser teu, palpável, sem o celular,

sem o computador, sem nada. Somente ar.

Não sei o que esperar do universo do amor

uma vez assumidos aos olhos do mundo,

mas sei que esse é o caminho mais libertador

sem o qual não respiro nem mais um segundo.

Desejo para nós ar puro, um chão fecundo

para ararmos unidos sofrendo o calor,

buscar o que o planeta tem de mais profundo,

buscar o que da vida possui mais valor.

Portanto,

para botar um fim no sonho virtual,

resta-nos começar uma história real.

Prometo tomar conta e te levar a sério,

sério como Jesus levou a própria vida,

e não deixar que sombras ou dúbio mistério

te façam duvidar se és mesmo tão querida.

Prometo te louvar no mais longíquo dia

e me entregar à morte antes de ao adultério.

Prometo agradecer gratidão comovida

de quem vê nos teus olhos o universo etéreo.

Prometo

que enquanto me quiser me terá por completo

me esforçando a te dar abundância de afeto.

Mulher jovem que tem à mão meu coração

igual a uma juíza que tem um martelo,

mesmo sendo tão bela e eu sendo tão vão

quero te perguntar se aceitas meu castelo.

Minhas portas se abriram devido ao anelo

ansioso de ser teu eleito varão,

só resta perguntar humilhado e singelo

e aceitar por completo a tua decisão:

Ó Débora,

se eu te fizer mulher eternamente amada,

desejarás tornar-te a minha namorada?

28-30/7/2018

1, 4, 6, 8/8/2018

Poesia em tentativas de versos alexandrinos entregue no 11/8/2018 a minha musa, quando a vi pela primeira vez na vida, mesma data em que minutos depois lhe entreguei o meu primeiro beijo e recebi o primeiro dela, ambos aos 20 anos de idade. Minha musa Abelha chama-se Débora. Meu plano era recitá-lo em frente a ela, porém a timidez me impediu. Apenas lhe entreguei a folha de papel.

Minha agora namorada disse Sim.

Débora, eu te amo.

Nunca estive tão feliz.

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 14/08/2018
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