Vem ou não?
Quando é noite ele vem bem sossegado e me encanta,
mas quando não é, espero agoniado com nó na garganta.
Se parece efêmero, vivo elevado e penso "carpe diem"
e se não parece breve, permito que os sonhos me ludibriem.
Foi como bofetada repentina, lâmina que sobre mim descansa,
mas se não foi tão eventual, mesmo assim aproveito essa alegria mansa.
Se nos meus sonhos ele vem, até sinto que me transcedo
e hesitante não paro de te buscar desprovido de qualquer medo.
Quando avisto seus olhos escuros, caídos, eu logo me liberto,
mas quando não é teu sorriso que vejo, sinto no peito um aperto.
Se parece ter alguma soberba, ignoro e vejo só honradez
e se não parece ciente do seu brio, animo-te como comigo fez.
Foi sentimento rastejante que n'alma se assentou e não cedeu,
mas se não foi algo suave como achei, que culpa tenho eu?
Se sozinho penso, festejo-o e até ouço o som de um saxofone,
pois não te esquecerei, então eu peço que não me questione.