A CHUVA E O AMOR
Há três tipos de chuva:
A chuva torrencial, que tudo arrasta, arrasa e destrói;
A chuva benfazeja, que penetra, fecunda a terra e faz germinar;
E a chuva leve, que apenas molha a superfície.
A primeira ao terminar só deixa marcas próprias da enchente;
A segunda passa e faz a terra produzir;
A terceira não destrói ou produz, mas deixa um cheiro de terra seca molhada,
Que nenhuma química ainda conseguiu reproduzir.
O amor é semelhante à chuva:
Pode vir em forma avassaladora, prometendo bênçãos, mas sendo paixão não se doa, apenas toma e assim nada constrói;
Quando vem na medida certa, faz a felicidade do outro, doa a vida se preciso for e como diz o poeta “é eterno enquanto dura”;
E quando chega de mansinho, sem pretensões, suave, sem raízes e sem violência, deixa um perfume, do que poderia ter sido e não foi e uma saudade sem dor.
Quando você notar uma chuva suave caindo, molhando a superfície da terra seca, preste atenção no cheiro que ela exala. É êxtase, é encantamento.
Dessa última forma é a maioria dos amores. Se não pode ser o profundo e definitivo, que seja como o aroma da terra molhada a inebriar nossos sentidos.