ODE DAS NOVAS SEMENTES ÀS VELHAS FLORES...

Tem horas que as coisas perdem o sentido,
O dia se apaga, - Sem anoitecer...
E sem amanhecer a noite esmaece...
A matéria encontra refúgio,
Na parte que lhe cabe neste latifúndio, - Sem se querer!
O que dói e o que marca, é o silêncio que se instala...
O não ouvir a voz que até então nos embalara...
Sem falar nos abraços... De olhares e de braços, que não mais abraça!
E a falta de aviso, de que a jornada finda!
Que é hora de se viver a vida, em outras plagas! – Um não viver!
Egoísmo de quem parte em relação a quem fica?
E quando queremos reter, quem sabemos que parte?
Mas, se inevitável é a partida,
E sem saber se os que amamos se encantam e vão aos astros,
Sei, eu sinto, que ficam em nós!
Pois, nos silêncios derradeiros, ou
Na algazarra dos dias e das gentes, que passam
Nas memórias que afloram se fazem presentes,
Em forma de história!
Na lágrima que escorre derradeira pela face,
No sorriso que a mesma face, subitamente deforma!
Não sermos avisados quando os amados partem, - Por eles e pela vida,
Não será um carinho e um zelo?
Não será um apreço que evita desesperos, um sofrer antecipado...
Um aflorar de egoísmos e medos,
Tentativas vãs de reter o que não pode ser contido, dentre os dedos?
Sinto que os nossos amados nunca morrem...
Antes, se encantam e se transformam!
Se não vão morar nos astros ficam dentro de cada um de nós, mesmos
Tornam-se as forças para nossos braços,
As certezas para nossos próprios passos,
E mais um motivo, e mais um encanto, dentre tantos,
Que nos fazem estarmos vivos, e trocar as lágrimas por sorrisos
na lembrança de quem amamos, pelo menos de vez em quando...
Por isso, deixo aqui esta ode das novas sementes às velhas flores!
- Ode do começo ao recomeço que se renovam, para nossa dor e a nossa sorte!

Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
13/01/2017