O poeta e a esfinge
Escrevo esta carta, para quem me trouxe novamente o sentido de sentir.
Entre os relevos, sobre as calhas, nas as feridas, ao devir…
Escrevo, para quem de mim, arrancou a solidão.
Com um mero toque, suave e singelo, como a palma da mão
ao encostar no peito, ecoando o som do coração.
E a melodia que no silêncio se fez, e no inquietar do momento se apresentou,
Não necessitou de conto nenhum para despertar em mim o mesmo amor.
Afinal, de tantas ondas no mar, até o céu perde a sede.
Mas volta sempre a se embebedar, vez ou outra, da maresia na qual esteve.
Foram somente sentidos, que aperfeiçoaram o sentimento.
Como o vento a levar as areias, das dunas ao monumento
Monumento este, é você! Esfinge de um deserto distante…
Muitos se aventuraram, todos desistiram, mas eu sou um poeta teimoso, e estou a sua frente neste instante…
Te vejo tão grandiosa, de fato uma
obra divina!
Porém, há sempre uma rachadura que por muito nos abomina.
Há sempre uma casca brilhante, por cima de uma rosa ferida.
Há sempre espinhos ardentes, para se chegar ao perfume duma vida.
No mais, aqui continuarei!
Mesmo que sem sentido, ou não entendido, para o amor não se rege motivo.
E as areias que te formaram, pedirei que te devolvam o sorriso.
Não se preocupe comigo, no sol, na chuva, na tempestade… sempre, estarei contigo…