a lua é a única que não se importa com a própria beleza
eu fiquei três dias fora de casa
abastecendo meu fígado com vodca
e energético,
abastendo meus pulmões com nicotina
e oxigênio,
mas a beleza dos rostos
ao meu redor,
das estrelas no céu
ou dos perfumes da
carne
não nutriram meu ser.
as noites continuam produzindo
poemas ruins,
assim como um jovem bebe até
vomitar e deitar em um canto ou
debaixo de uma árvore
até o sol nascer
e novamente prometer a si mesmo
que irá parar de se matar
desse jeito.
a tristeza aqui também é perigosa,
não se engane achando o contrário
só porque as melodias
são bonitas
e nenhuma lágrima cai do rosto
do pianista.
ele conhece a dor — a própria dor,
e o jeito que expressa é o que
chamamos de arte.
quantas pinceladas
Van Gogh enfretou
até o dia acabar
e até finalmente poder deitar
com seu peito vazio e sua
cabeça
arruinando
cada obra por ele já feita?
com quantas vozes
Fernando Pessoa conversou
até uma poesia acabar
e começar outra
sem esquecer de quem
ainda era?
minha sinfonia favorita
de Beethoven é A Nona.
consigo vê-lo furioso
escrevendo o Molto Vivace
e perdendo sua audição a
cada nota escrita, a cada estrondo
imaginado.
consigo vê-lo emocionado
aos prantos
sussurrando uma definição
hoje do "ser humano."
e tudo o que busco
responder
é: como continuar
vivendo
cercado de tanto frio?
este não é o final
que busco
aos poemas,
mas talvez
assim como a vida
em certas ocasiões
não há nada a fazer
fora
se conformar.
eu fiquei três dias fora de casa
abastecendo meu fígado com vodca
e energético,
abastendo meus pulmões com nicotina
e oxigênio,
mas a beleza dos rostos
ao meu redor,
das estrelas no céu
ou dos perfumes da
carne
não nutriram meu ser.
as noites continuam produzindo
poemas ruins,
assim como um jovem bebe até
vomitar e deitar em um canto ou
debaixo de uma árvore
até o sol nascer
e novamente prometer a si mesmo
que irá parar de se matar
desse jeito.
a tristeza aqui também é perigosa,
não se engane achando o contrário
só porque as melodias
são bonitas
e nenhuma lágrima cai do rosto
do pianista.
ele conhece a dor — a própria dor,
e o jeito que expressa é o que
chamamos de arte.
quantas pinceladas
Van Gogh enfretou
até o dia acabar
e até finalmente poder deitar
com seu peito vazio e sua
cabeça
arruinando
cada obra por ele já feita?
com quantas vozes
Fernando Pessoa conversou
até uma poesia acabar
e começar outra
sem esquecer de quem
ainda era?
minha sinfonia favorita
de Beethoven é A Nona.
consigo vê-lo furioso
escrevendo o Molto Vivace
e perdendo sua audição a
cada nota escrita, a cada estrondo
imaginado.
consigo vê-lo emocionado
aos prantos
sussurrando uma definição
hoje do "ser humano."
e tudo o que busco
responder
é: como continuar
vivendo
cercado de tanto frio?
este não é o final
que busco
aos poemas,
mas talvez
assim como a vida
em certas ocasiões
não há nada a fazer
fora
se conformar.