sem título
Doem-me sempre mais as lágrimas que não correm
aquelas que prendo no fundo das palavras que nunca te digo
As palavras que trago guardadas
meu amor
são lâminas frias
São como um holocausto de raivas e derrotas
Servem-me para escrever a raiva e desilusão
que guardo no fundo do corpo
sem que o saibas
Com elas escrevo as páginas das coisas que deixo sempre por dizer
Apenas te oiço
e até reconheço as palavras que dizes…
mas já não sei do que falas
Ah, meu amor
Nos dentes do medo e na cauda da solidão
pintei de sangue a minha roupa negra
quando calei por ti o que mais trazia no peito
Ficas parado
esperando de mim sempre mais palavras
Encolho os ombros…
Não sei que mais te diga
Cada dia que passa é apenas mais um dia
e de mim
apenas posso agora deixar-te o meu nome