Ela part. II
Ela era samba
Eu nunca soube sambar
Ela gosto musical refinado
Lia os contos de Jorge Amado
Eu lia jornal Super no máximo
Fácil, e nem foi noticiado.
O jogo tava rolando
Eu achando que tava ganhando
Entrei pelo cano tipo Mário
Mas levei a princesa nos meus braços
Junto com meus maços
Trago a cada trago um abraço não dado
E uma noite em claro passando com ela ao meu lado
Ela era bem mais fatal
Até tentei fugir
Pro Sarau
Meu templo de orações
Nem pedi pra me livrar de todo mal
É que ela curtia ser do mal
Juntei os dois, poesia marginal.
E com ela era assim
Se ela dissesse que sim eu sempre tava afim
Era tipo Game of Thrones misturado com meu nome não é Jonny
Até esquecia meu nome
Nem passava fome
Decorei seu número de telefone
Nem cannabis me fazia esquecer
Ela vinha pra mim como se fosse enrolada em celofane
Até pedia Lemanjá pra me mandar marés pra me acalmar
Ela mandou um tsunami
Quase me afoguei na água salgada daquele mar
E eu adorei beber a água salgada daquele mar
Aprendi com Moisés a abrir aquele mar
Nem precisei de cajado, só mandei o bom papo.
É que mina, eu sou poeta.
Mas também fui sequela
Esqueci meus versos quando meus versos se transformaram nela
Fiz meu colo pra ela o melhor dos tronos
Sono, até já perdi.
As marcas das unhas dela demoraram a sair
Cicatriz, que ela deixou em mim.
Ela me chamava minha
E eu a chamava de Danoninho (se é que me entende)
Ela era meu ninho
Eu cria de passarinho
Saltei do ninho antes de aprender a voar
Aprendi durante a queda que só eu mesma pra me salvar
Ela leonina puxada pra taurina
Eu no modo aquariano, meu ascendente: promiscuidade.
Ela tipo lua várias fases
Eu perdida no escuro e ela iluminando minha passagem
Ela era amante, mas não era amada.
Amadora era minha palavra
Adorava quando ela me chamava, mas, a verdade é que eu nunca a ouvi.
Cilada. Me fiz fada
Tentei fazer mágica
Ela não acreditou
Esperei mais três dias
Não ressuscitou
Tentei jogar uma prosa misturado com meu flow
Mas eu era ruim de ritmo, o papo não colou.
Na Terra do Nunca ela não ficou
Já eu, preferi ficar por aqui.
Afinal sou passarinho, fiz meu próprio ninho.
Sou fada, sobrevivo mesmo sem ninguém acreditar em mim.
Mas ela quiser vim, se ela tiver afim.
Eu vou dizer que NÃO
É que antes ela era muita areia pra mim
Agora, virou entulho na caçamba do meu caminhão.
06/2018
Abelha